Until Dawn – O Terror Interativo Agora nas Telonas

A história começa com a adolescente Clover (Ella Rubin), que embarca em uma viagem aparentemente inofensiva para seguir os passos de sua irmã desaparecida. Ela é acompanhada por quatro amigos — mas o grupo logo se vê preso em um local macabro: o sinistro Vale Glore. É lá que a verdadeira tensão começa. Criaturas bizarras e fenômenos sobrenaturais caçam os jovens sem descanso. A cada morte, o pesadelo recomeça — mas há um limite. Segundo uma antiga profecia, se não conseguirem sobreviver até o amanhecer, serão consumidos pela escuridão e farão parte dela para sempre.

Ainda que a história se afaste bastante do material original, o roteiro acerta ao construir uma atmosfera de repetição angustiante, onde o grupo entende as regras básicas do jogo, mas é surpreendido a cada nova tentativa. Para os gamers de plantão: pense em Until Dawn como um roguelike cinematográfico — onde cada reinício oferece pistas valiosas para desvendar o mistério.

No entanto, a adaptação opta por uma abordagem direta e sem muitas sutilezas. A carga emocional de Clover e o drama da irmã desaparecida são pouco explorados. Em vez disso, o filme abraça completamente o trash: criaturas grotescas, fantasmas sinistros e um desfile de clichês do terror clássico ganham destaque. Slasher, sustos repentinos, maquiagem exagerada — está tudo lá, sem muita preocupação com lógica ou consistência.

Mas é justamente nessa mistura caótica que Until Dawn encontra sua identidade. O filme não tem vergonha de ser exagerado, nem de explodir corpos gratuitamente ou usar recursos do videogame para conduzir sua narrativa. Ele abraça o absurdo do terror com orgulho, oferecendo uma experiência divertida, intensa e descaradamente trash — para o bem e para o mal.

✅ Pontos Positivos:

■ Atmosfera de terror cíclico envolvente: A ideia de um looping mortal em que os personagens aprendem com cada tentativa é criativa e aproxima a narrativa da dinâmica dos videogames — algo que pode agradar especialmente aos fãs do gênero roguelike.
■ Visual marcante e criaturas variadas: O longa não economiza no visual trash e grotesco. Criaturas, fantasmas, zumbis e figuras misteriosas mantêm o clima tenso e imprevisível a cada nova noite.
■ Coragem de ser trash: Until Dawn não tenta parecer mais sério do que é. Ele abraça o caos, o exagero e o absurdo do terror de forma divertida e sem medo de parecer “brega”.

❌ Pontos Negativos:

■ História genérica e distante do game original: Para quem esperava uma adaptação fiel ao jogo de 2015, a decepção é certa. A conexão com o material original é praticamente inexistente.
■ Personagens rasos: O desenvolvimento emocional dos protagonistas, especialmente de Clover, é superficial. A trama ignora oportunidades de aprofundar o drama e a construção de laços.
■ Falta de coerência narrativa: O roteiro joga elementos sobrenaturais sem se preocupar em costurar uma lógica entre eles, o que pode incomodar quem espera uma história mais coesa. O filme abraça tanto o absurdo que às vezes esquece de contar uma boa história.

Vale a Pena Assistir?

Until Dawn é uma adaptação corajosa e sem filtros, que abandona qualquer pretensão de fidelidade ao game original para se entregar ao caos do terror trash. A direção de David F. Sandberg aposta em sustos, criaturas bizarras e uma estrutura de repetição que remete a jogos roguelike, agradando quem curte adrenalina e exagero. No entanto, a falta de profundidade narrativa, personagens esquecíveis e o roteiro desconexo afastam o longa de algo mais memorável. Ainda assim, como entretenimento leve e sangrento para fãs do gênero, pode surpreender — desde que você não leve tudo tão a sério.

Classificação Etária: A18

Onde assistir: HBO Max, Amazon Prime (via HBO Max)

Avaliação: ★★★★★