O Eternauta

A Netflix acertou em cheio ao adaptar O Eternauta, clássico dos quadrinhos argentinos criado por Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López. A série leva para o streaming uma história profunda, política e visualmente impactante — com um toque de ficção científica que promete agradar fãs do gênero e novos espectadores.

O Eternauta se passa em uma Buenos Aires tomada por uma nevasca radioativa, provocada por uma invasão alienígena. Em meio ao caos, Juan Salvo, sua família e um grupo de sobreviventes precisam enfrentar não só o clima letal, mas também as ameaças externas — e as divisões internas. A série mistura elementos de sobrevivência, distopia, ficção científica e crítica social, fazendo jus ao material original.

A ambientação é um dos grandes trunfos da série. A reconstrução de Buenos Aires sob neve tóxica é claustrofóbica e imersiva. Os efeitos visuais não exageram, mas entregam o necessário para criar uma atmosfera tensa e convincente. A direção aposta em planos fechados e uma paleta fria, que reforça o clima de desesperança e tensão constante.

Um dos elementos mais marcantes e assustadores da série é a neve mortal que começa a cair sobre Buenos Aires. À primeira vista, parece apenas uma nevasca incomum — até que revela sua verdadeira natureza: é tóxica e letal ao menor contato com a pele. Essa neve é o primeiro indício de uma invasão alienígena em larga escala, orquestrada de forma silenciosa e metódica. A trama se intensifica com o surgimento de criaturas controladas mentalmente, como os besouros — cascarudos —, e outras ameaças extraterrestres que dominam a cidade. A neve, fria e silenciosa, se transforma em símbolo do terror invisível que toma conta das ruas e do isolamento vivido pelos sobreviventes. Essa ambientação transforma O Eternauta em uma ficção científica envolvente e cheia de tensão, onde cada floco que cai carrega o peso da morte e da dominação alienígena.

Ricardo Darín, como Juan Salvo, entrega uma atuação intensa e humana, equilibrando fragilidade e liderança. As visões de Juan Salvo são momentos marcantes em O Eternauta, revelando fragmentos do futuro. Elas aprofundam seu papel como símbolo de resistência e multiplicam o mistério da trama, mostrando que sua jornada vai além da luta física. O elenco coadjuvante também brilha, com personagens bem desenvolvidos e com conflitos reais, que refletem as desigualdades e tensões sociais que atravessam a trama.

✅ Pontos Positivos:

■ Fidelidade ao quadrinho original
■ Direção artística caprichada
■ Atuações sólidas, principalmente de Ricardo Darín
■ Atmosfera envolvente e densa

❌ Pontos Negativos:
■ Ritmo um pouco lento em alguns episódios

Vale a Pena Assistir?

⭐ Sim! Não subestime O Eternauta por ser uma produção argentina — a série surpreende com uma trama intensa, cheia de suspense e reflexões sociais, tudo isso em apenas 6 episódios bem amarrados. E a boa notícia? A segunda temporada já foi confirmada pela Netflix!

Classificação Etária: A16

Avaliação: ★★★★★